1.9.13

Pouco a perder

Agarramos a dignidade, não como tábua de salvação para a queda livre em que nos sentimos mas apenas por instinto. Apenas porque algo nos diz que é essa a última fronteira entre a esperança em dias melhores e o mergulho sem bóia e sem retorno na decadência.
Contudo, o que resta da lucidez obriga-nos a tomar consciência do quanto a dignidade parece ridícula perante a impotência para conseguirmos travar na descida para que nos arrasta a puta da vida quando as coisas correm menos bem.

Não tardamos a deixá-la cair também, com o resto da sucata dos valores inúteis num contexto marcado pela solidão quase absoluta. Pelo cano abaixo com tudo o que restava das trampas que só fazem sentido até ao dia em que temos que conversar com um filho acerca da forte possibilidade de perdermos a única casa que o viu crescer.

3 comentários:

São Rosas disse...

C'um caraças, Shark...
Podes pôr isto no Persuacção, ou preferes manter isto só por aqui?

shark disse...

Não leves a mal, mas se fosse para dar alarido não estava aqui...

Paulo Moura disse...

Claro. Já imaginava.
Abre aço!