19.4.10

ORELHAS MOUCAS

Palavras inúteis, esbanjadas. Palavras tão fúteis, ignoradas.
Palavras distorcidas à chegada, convertidas à partida em sensações desagradáveis, vazias de sentido nos destinos voláteis que as devolvem ao remetente devidamente embaladas com uma reacção mesquinha, agressiva, ou a passividade total.
Palavras que fazem mal a quem as liberta, revoltam-se contra os criadores, mesmo as palavras que exprimem amores mas não amordaçam algum tipo de reparos.
Palavras que soam como disparos e voam para a morte de qualquer palavra, que é a sua deturpação. Palavras que não chegam ao coração porque se esmagam contra a couraça de quem as entende como uma ameaça e ignora ou rejeita e que foge ou aproveita para ripostar.
Palavras que só servem para massacrar quem ousa libertar as mensagens (des)necessárias, pois são palavras temerárias com efeito bumerangue, palavras que envenenam o sangue como falsas setas de cupido.

E palavra que quem é por elas atingido, ou pela falta de reacção destinatária, acrescenta a palavra silêncio aos arquivos automáticos da memória.

2 comentários:

jardinsdeLaura disse...

Palavras loucas... orelhas moucas! Deve ser por isso que o silêncio é de ouro!!

shark disse...

:)
Sempre houve alguém que deu por essa relação subtil...