1.12.11
30.11.11
29.11.11
28.11.11
19.11.11
18.11.11
9.11.11
6.11.11
5.11.11
15.10.11
8.10.11
31.8.11
28.8.11
ATLETISMO VERBAL
25.8.11
24.8.11
FINANÇAS PÚBLICAS
A LÁBIA DO LÍBIO
20.8.11
18.8.11
16.8.11
DE PEQUENA VAGA
13.8.11
12.8.11
9.8.11
8.8.11
6.8.11
E QUE TAL CADA GALHO NO SEU MACACO?
4.8.11
3.8.11
QUAL É O FARDO MAIS PESADO?
2.8.11
31.7.11
29.7.11
28.7.11
KEEP IT SIMPLE
DE QUE COR QUERES O LAÇO?
26.7.11
I'M THE BOSS...
25.7.11
E ELES NÃO FALAM INGLÊS COMO NOS FILMES...
24.7.11
23.7.11
22.7.11
EPÍLOGO PRAGMÁTICO
DE PAU FEITO
69 (mil)
21.7.11
20.7.11
19.7.11
O COMPROMISSO INADIÁVEL
O fulano era tão organizado, meticuloso e exigente que despediu a secretária quando esta lhe confessou a manifesta incapacidade para agendar o dia da sua morte. E ela, com a ira mal contida a explodir-lhe no olhar, marcou de imediato a coisa para esse mesmo dia.
TRAGÉDIA NA PRAIA DO MECO
18.7.11
CONFÚCIO DE BOLSO
CONTAS DE SUMIR
17.7.11
POBRE A PEDIR
16.7.11
15.7.11
14.7.11
13.7.11
PORQUE SÓ OS CRAVOS MURCHAM!
Descobri cedo, logo no embrião da minha entrada em (novas) funções, que a minha liberdade não está limitada apenas pelos constrangimentos anatómicos da minha condição de pila.
O coiso está agarrado a mim e desconfio que assim se manterá até ao fim dos meus dias, nada a fazer. Porém, esta relação de interdependência não é equilibrada. Sou um nadinha mais pequena do que ele (é tudo muito relativo em termos cósmicos) e ainda bem, ou sempre que eu me entusiasmasse acabávamos os dois no meio do chão.
Este desnível nas dimensões não explica mas ilustra a relação de poder que se estabelece entre o coiso e a sua pila, muito condicionada pela convicção dos coisos agarrados a nós de que não passamos de meros apêndices seus. Isso implica o autoritarismo presente na esmagadora maioria destas ligações complicadas, uma prepotência que impõe uma espécie de lei da selva na zona do matagal.
Ou seja, o coiso agarrado a mim tem a faca e o queijo na mão e acaba por ser tudo feito à maneira dele. Se o Benfica está a marcar uma grande penalidade quando vamos a caminho de uma mijinha lá tenho eu de me aguentar à bronca. Às vezes tenho perante mim uma passarinha completamente disponível para me acolher e o coiso lá em cima a complicar com os problemas e constrangimentos de coiso e acabo em doca seca sem necessidade. Isto tem algum jeito?
Claro que posso estar influenciado pelo último plenário das pilas em que participei, no wc de um centro comercial, e embora perceba que o drama vivido pelas minhas homólogas se reveste de contornos bem mais penosos sou uma piroca solidária e percebo a revolta contra esta espécie de escravatura que a abstinência forçada nos impõe.
Não votei a favor das medidas de luta mais radicais, admito, pois embora entenda a necessidade de nós pilas termos uma palavra a dizer (porque até os coisos sabem que pensamos pela própria cabeça) os meus hábitos de vida levaram-me a propor, em vez da recusa em nos apresentarmos operacionais no posto de trabalho, uma greve de zelo.
Seja como for, ando inquieta com os efeitos da crise nas pilas europeias em geral e nas portuguesas em particular e pelos quais pagamos o preço do tal abuso de poder por parte dos coisos que, de forma paradoxal, até podem menos do que antes.
Por isso nós pilas temos que lutar por uma maior autonomia antes que se perca de todo a fé nos amanhãs que levantam.
Eu sei que isto parece discurso grevista de comuna sindicalista e ateu, mas é só porque o tesão foi-se e essa é uma verdade sem ponta por onde um martelo pilão a possa pregar.
11.7.11
UM GOLPE DE TEATRO CATITA
10.7.11
LIVRES DE ABUSAR
8.7.11
INSANIDADE COMENTÁRIA
7.7.11
SONDAGEM AOS TRUNFOS NA BAINHA
APRENDIZ DE FRANKENSTEIN
A PIROCA PERGUNTA
5.7.11
3.7.11
2.7.11
DESENCONTROS
1.7.11
SERVIÇO MÍNIMO
29.6.11
28.6.11
27.6.11
THE GABAROLA SERIES (4)
22.6.11
THE GABAROLA SERIES (3)
THE GABAROLA SERIES (2)
THE GABAROLA SERIES
21.6.11
20.6.11
ENTREM BEM NA SEMANA CURTA
19.6.11
APRENDIZ DE MACACÃO
17.6.11
BRUNO VENUS
16.6.11
15.6.11
SOLUÇÃO DE COMPROMISSO
O PÃO NO BICO CALADO
14.6.11
12.6.11
IMAGINA TU
Imagina um amor tão forte que consegue eliminar o segredo, não deixando à mercê da sorte, do ciúme que não passa de um medo, o futuro talhado agora pela determinação com que bate o teu coração agitado pela energia de mil beijos já dados e outros tantos ainda por dar.
Tenta ao menos acreditar que é viável essa entrega incondicional, que é possível renegar o mal expurgando dessa ligação a indecência de julgares excluída a cedência como um elemento fulcral para o amor que pretendas imortal, ignorante daquilo que só quem experimentou saberá explicar.
Talvez consigas apanhar melhor a ideia se eliminares em ti a barreira de pressupostos, se deixares cair os preconceitos que te levam a desdenhar a emoção que não consegues sentir como a descrevem os que sabem de que é feito afinal o amor de que falas porque ouviste contá-lo assim.
Talvez não comeces pelo fim os amores que matas à nascença por impores a desconfiança ou o silêncio comprometedor que inquina, o segredo, transformando cada passo numa mina potencial. Concentra-te no essencial, no objectivo comum em que dois não são a soma de uns mas antes o resultado de um amor que é moldado em função das características que não podes querer anular no outro que tratas como teu.
Procura o caminho para o céu garantido como contrapartida por abraçares um amor para toda a vida, mesmo que receies e tentes proteger a tua resistência contra a agressão como sentes cada desilusão que às tantas podia ser evitada se tivesses essa barreira construída por forma a não impedir esse amor de atingir a fasquia que acreditas ser a ideal.
Desiste de fingir, não é bom, não é normal, uma vontade que não consegues reunir de tão armadilhada pela tua tendência arriscada para o faz de conta, a suspeita que se levanta quando entras em contradição porque não ofereces o coração sem a tutela da cabeça.
Não deixes que isso te impeça de correres o risco que vale a pena, a paixão prolongada pela confiança depositada em quem corresponda ao teu esforço, ao teu empenho, numa relação alheia ao engano que a possa trair.
Alia a esse amor a amizade que pode unir as pontas soltas que vais deixando no coração, a dada desgosto, a cada traição como encaras todas as vezes em que te deparas com algo que pretendeste abafar, a verdade que acaba por ficar à superfície da pessoa que quiseste mudar em função das tuas exigências, sem admitires quaisquer cedências ou compromissos reais que fazem parte do respeito que também entra na equação na hora de acertar as agulhas a dois.
Imagina um amor tão forte que não possa jamais ficar exposto à mentira que o corrói, à cobardia que tanto dói quando revelada pela indiscrição de um simples lapso ou de um nome muitas vezes repetido durante um sonho que partilhas, sem querer, com o amante acordado a quem tentaste esconder essa tua hesitação que um amor a sério, eterno, encaixaria no perdão ou na sua persistência, na sua infinita resistência contra as pequenas fissuras que urge reparar com a frontalidade que te possa poupar à imagem que tanto rejeitas mas acabas por assumir.
Decide de uma vez para onde queres partir em cada viagem, reúne toda a coragem necessária para poderes mudar a história triste que insistes em reescrever sempre igual enquanto sentes o tempo a passar rumo ao final das hipóteses de viveres uma experiência que poderá um dia deitar-se ao teu lado sem que o percebas e siga o seu caminho.
Até ao dia em que pouses o olhar envelhecido nesse tempo mal perdido e te reste imaginar aquilo que podia ter sido se te imaginasses, nessa altura, agora, num dia de sorte, um amor tão forte, tão bom de sentir, que nem a tua alma esquiva consiga desmentir.
11.6.11
10.6.11
ACABAM SEMPRE POR SE DISTRAÍREM ALGURES...
9.6.11
BARGUILHA INDISCRETA
8.6.11
7.6.11
6.6.11
FOI SÓ PARA O CONTRARIAR, EU SEI
CONTRA-RELÓGIO
4.6.11
DOUTOR EUTANÁSIA
1.6.11
PERCEBE-SE O DESESPERO DE CAUSA...
31.5.11
30.5.11
28.5.11
27.5.11
O GRITO INTERIOR
O grito ecoou com a força de um trovão. Mas ninguém ouviu aquilo que só por detrás daquele olhar parecia ecoar e as lágrimas não queriam fugir empurradas pela trepidação, pelas chicotadas sonoras daquele som estridente da explosão de uma mente que já ninguém poderia salvar.
O grito soava como a sirene de alerta numa cidade semi-deserta, prestes a ser bombardeada, uma cidade abandonada pela sorte onde alguém aguardava a morte caída do céu. Foi isso que lhe pareceu enquanto o raciocínio ainda funcionava e debalde tentava encontrar uma explicação para a bizarra condição que afligia quem gritava mas não fugia, braços abertos para receberem o impacto nos peitos que pareciam fechar-se sobre si mesmos para esmagarem os corações que batiam naquelas paredes que os oprimiam cada vez mais.
O grito transformou-se aos poucos numa manifestação de dor pelo que acontecia no interior daquele espaço habitado pela loucura depois da acção sumária de despejo da sanidade precária que agora gemia um murmúrio de despedida, abafado pelo grito que soava agora como os sopros numa orquestra e à distância o vento agitava a floresta para onde o corpo se dirigia sem pensar, o corpo que aceitava sem contestar o comando gritado por aquele cérebro alucinado que ensurdecia aos poucos.
O grito crescia de intensidade na proporção inversa da realidade que definhava à mercê de uma nova dimensão que ocupava agora, invadia, aquela mente que parecia mergulhada numa guerra civil entre duas facções antagónicas e se reflectia nas expressões patéticas daquele rosto distorcido pela ausência de coordenação, o corpo à deriva em completa desorientação na orla de um refúgio que era afinal o oblívio que a mente ansiava, a alienação total do excesso de preocupação que fazia gritar aquela cabeça perdida.
O grito não parava enquanto o corpo caminhava por entre o arvoredo, sem vontade própria nem medo que o pudesse dissuadir da caminhada floresta dentro quando no horizonte já desaparecia o pouco que restava do dia, a luz daquele sol desertor que já não podia ouvir mais o grito e brilhava a espaços, como um farol, na superfície das lágrimas no rosto daquele corpo com uma mente que partiu.
E depois, no mais absoluto silêncio, mergulhado na escuridão da noite que o perdeu, o próprio corpo desapareceu.