Reparo, com muito agrado, que começam a surgir novos posts, nova vida na Blogosfera moribunda depois da travessia no deserto que agoirei anos atrás quando o Facebook entrou em cena.
O Facebook, ao qual nunca aderi, reunia a vantagem de poder acolher a blogaria mais ligeira, a que não possuía arcaboiço para postar mais do que fotos dos outros e citações de terceiros. Foi a debandada geral dos que tinham um blogue mas não sabiam o que fazer com aquilo e aos poucos até alguns blogueiros mais estruturados acabaram por desviar para o novo pólo aglutinador da carneirada a sua atenção.
Foi um rude golpe para a Blogosfera, diminuída nos números que fazem as grandes realidades que a internet engloba, arredada dos orçamentos publicitários por já não movimentar as massas de outrora, mas igualmente deixada ao abandono pelos visitantes e pelos autores acabando por se tornar num enorme cemitério virtual de ambições estapafúrdias (o salto para a fama ou para a fortuna) e de realizações na sua maioria paupérrimas (que no Facebook não devem fazer má figura, camuflados no meio da multidão).
Restaram os mais fortes, os melhores. Congregaram-se autores em espaços colectivos, os poucos que ainda atraem visitantes em número decente - a par com as apostas mais light mas bem planeadas, e o resto ficou entregue aos mais persistentes (ou estupidamente teimosos), repartindo entre si a meia dúzia de leitores mais as visitas inventadas por São Google.
Parece, porém, assentar o pó da euforia do FB. Como qualquer moda não sustentada por algo capaz de representar uma mais-valia, essa realidade que atraiu blogueiros como moscas está em declínio, pelo menos entre os que mais deram de si a esta realidade que construímos ao longo de quase uma década.
E eu adio a minha desistência movido por esses sinais de esperança no regresso de gente extraordinária, com carisma e/ou com talento, com criatividade, com substrato o bastante para enfrentar um desafio diário muito mais exigente do que qualquer artolas com uma cara laroca enfrenta no seu book da vaidoseira.
Quero mais do que nunca ter razão num palpite que há anos venho matraqueando: o Facebook foi um golpe fundo na Blogosfera e os poucos contadores activos não o desmentem. Mas desse meu palpite também constou sempre a convicção de que um dia a separação das águas iria acontecer, como na Blogosfera já se verificava entre blogues sérios e blogues estilo facebook, podendo esta nossa comunidade acolher de novo os mais capazes que tanta falta fazem para colaborarem na reconstrução de uma Blogosfera no que ela tem de melhor, deixando o equivalente à Imprensa cor-de-rosa entregue a quem pode e deve fazê-la.
O António José Seguro, ó Pedro Nuno?
Há 3 horas