1.8.08

RESERVA DE PROPRIEDADE (Maio 2005)

Travaram os dois a fundo, evitando à justa a colisão.
Saíram dos veículos, possessos, convencidos das suas razões. Haviam descoberto em simultâneo aquele precioso lugar vago no parqueamento, ambos ligaram o pisca e iniciaram a aproximação. Exactamente ao mesmo tempo, triste coincidência, e nenhum abdicaria do seu inegável direito. Envolveram-se em acesa discussão, berraram.
Os dois jovens, classe média abastada e formação superior, não chegaram a um consenso e desataram ao murro. Andaram naquilo um bocado, ninguém se metia que o problema não era seu. Até que um perdeu a luta. E não gostou.
Correu para o porta-bagagens. Quando o outro lá chegou deu-lhe com a chave de rodas numa têmpora e ele tombou. Deitou as mãos à cabeça, o adversário morreu.

Enquanto a polícia o prendia, ensanguentado e em choque, outro cidadão estacionou a sua viatura, satisfeito, naquele oportuno lugar vazio.