5.9.12

O ELO MAIS FRACO


Percebeu apenas a existência de um elo de ligação que nunca o envolvia ou mesmo quando parecia revelava-se efémero e puramente circunstancial.
Era uma questão de tempo, até perceber também, como os outros, o erro de casting que sempre se constituía, na merda que fazia aos olhos de todos quantos julgavam pela mesma bitola, ligados que estavam por algo que não conseguia vislumbrar.
Raramente conseguia perceber, mesmo à posteriori, a natureza do seu lapso, do seu desajustamento, da gota de água que transbordava sempre no seu copo, mesmo que nos restantes caísse uma chuvada torrencial.
Mas percebia-se marginal, de alguma forma inconveniente, e não sabia porquê, mas o mal estaria em si porque os outros sempre conseguiam encontrar uma forma de pactuarem para manterem o tal elo de ligação, talvez alguma forma de perdão que nunca soubera merecer por causa de algo que fazia a diferença e distinguia a sua pessoa pela negativa em qualquer pequena multidão.
Era sempre enorme o trambolhão, oito ou oitenta, bestial a besta, era sempre uma desilusão que restava como lembrança da sua passagem noutras vidas quaisquer, fossem de homem ou de mulher, porque lhe percebiam sempre uma carrada de defeitos e de limitações que outros igualmente possuíam mas no seu caso não permitiam apenas porque sim.
Limitava-se a adivinhar o fim das relações para a vida como as acreditavam até ao dia em que se transformava numa abóbora tudo quanto de bom pudesse transmitir nos cruzamentos com outras existências, ou eram as birras ou eram as incongruências, como se nada que de bom tivesse fosse algum dia capaz de equilibrar a parada com as suas limitações.
Já nem alimentava ilusões acerca do que estava para vir, sempre à espera de que deixassem cair como era sua tradição, aparentemente nunca tinha razão quando as coisas corriam menos bem, talvez porque lhe faltasse o discernimento para distinguir a tal coisa que faltava na hora de pesar os seus prós e os seus contras na balança viciada.
Era uma pessoa apreciada até o prazo de validade acabar, com a passagem do tempo parecia azedar e brotavam de forma espontânea os fenómenos de rejeição ou de indiferença, até mesmo a obliteração dos rastos da sua presença onde não devia, pelas existências que não compreendia e depois falava sempre a menos ou demais.

Por isso se recolhia, era os outros que protegia da sua má influência por não conseguir acompanhar a cadência ideal para reduzir ao essencial o tal elo de ligação que até criava mas nunca conseguia manter.
Por ser incapaz de descobrir sequer pretextos decentes para o tentar aprender.

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