O desgraçado tecia rasgados elogios à gaja, apesar de ele próprio ser mestre no mesmo ofício. Ela, com o olhar completamente revirado no sentido do umbigo, perdia-se nas (des)considerações acerca de um outro gajo que afirmava odiar mas não parava de arrastar para a conversação.
Ele, visivelmente incomodado, tentava de novo arrastar o assunto para o tema onde podia ser ela a protagonista e ela agradecia. E depois prosseguia com a sua obsessão, cega e surda, fechada em si, e ele calado ali, incapaz de travar aquela figura patética na sua fixação e de prender um pouco a atenção no tema que podiam partilhar e talvez de merecer algum tipo de retribuição por parte da gaja que não se calava e de novo embalava para o outro de quem ele não parecia mesmo nada interessado em falar.
Educado, fez de conta que ia cagar.
E ela lá ficou, à espera sentada do tipo entediado que não voltou.