22.12.09

ERA UMA VEZ

Na fila de espera, de forma ordeira, sem protestar. Proibido de refilar para não perder a vez, o castigo pela quebra do silêncio que alguém impôs como moeda de troca para assegurar o atendimento.
Na fila, um tormento. À espera de uma ocasião para obter a resolução de um problema inexistente na perspectiva arrogante do lado de lá de um balcão qualquer. Uma manifestação mesquinha de um poder transitório, instantâneo, definido pelas regras de um jogo viciado para que nunca perca quem do outro lado se predispõe a conceder a graça do seu tempo precioso.

Na fila de espera, ansioso pela goela mendigada por inerência à pessoa contrariada que entende a impaciência como um insulto impossível de tolerar.

À espera do carimbo num indulto pelo crime de não saber esperar.

2 comentários:

Toby ou Planante disse...

Bom dia Shark! Parece que foste às finanças...lol
Lembraste-me Kafka, com "O Processo". É um prazer ler o que connosco partilhas!

shark disse...

:)
É um prazer saber que o dou.
(Lembrar-te o Kafka é obra!)