7.12.09

O ESPÍRITO DO QUADRO

O quadro pinta-se com uma árvore enfeitada que depois se rodeia dos embrulhos que são o espírito, o fantasma de uma comemoração passada que deu lugar ao ritual pagão que um presépio comprado já feito tenta tranquilizar de alguma forma a consciência dos que sabem tratar-se, afinal, de um aniversário de alguém que não teve tempo para ver branquear as barbas.

Pintado de vermelho, o protagonista refrigerante surge como um borrão em tudo quanto é anúncio de televisão e enche de cor a paleta consumista que empurra pessoas como autómatos para o interior dos antros de prazer comprado, por troca com o prazer quase aniquilado da reunião familiar onde é obrigação presentear e ninguém arranja tempo para os fazer.

Os presentes sempre caros que no passado só custavam tempo e amor.

2 comentários:

gaija do norte disse...

é uma época muito triste, o natal. cada vez mais!

shark disse...

adorava poder contrariar-te, mas teria que recuar cerca de 40 anos...