Dados recuperados de arquivos estagnados numa memória obsoleta de algo que de todo se perdeu.Equívocos impressos em registos dos destroços de uma ilusão que com o tempo morreu.
Melancolia recordada de uma utopia esmagada pela realidade que se faz da verdade sem flores nem falsos amores que mal disfarçam nos seus fogachos a constante dos pontos baixos do gráfico que denuncia o tráfico moribundo nos espaços entre os esforços inócuos de recuperação.
Dos dados perdidos nos arquivos esquecidos, a erosão inevitável da relação pouco saudável entre as expectativas exageradas e as esperanças frustradas que afinal são fruto de uma insistência cujos níveis de exigência não se compadecem da verdade inventada na realidade forjada em momentos de sonho sem base de sustentação.
A vida adormecida, sem pílula dourada que atenue a anestesia de uma irreversível apatia no cadáver adiado pela respiração artificial.
Boca a boca, o beijo que se troca e o desejo que não provoca o contacto entre a pele. Um sentimento de papel numa banda desenhada da emoção conservada em boião com formol, desenhos rabiscados em guardanapos amarrotados no tampo da mesa de um café pelo fantasma clandestino de um herói da emoção por quem dobra o sino ao longe onde acontece o seu funeral.
A diferença abismal entre os dados na lembrança e os factos na balança cujos pratos não hesitam quanto ao lado para pender.
O tempo de esquecer, o momento para distinguir a fantasia na promessa que se fazia de uma eternidade substituída pela amizade que resta para salvar.
O tempo de acreditar no futuro realista, uma memória onde não exista lugar para dados corrompidos de uma história que os factos conhecidos desmentem e requerem imediata substituição.
O tempo de formatar a emoção.