Era forte como um touro e respirava saúde. Tinha sensivelmente a minha idade, ainda mais robusto, e parecia encaminhado para uma velhice tranquila com a família - mulher e uma filha - de quem se mantinha muito próximo.
Sentiu-se mal e foi parar ao hospital há uma semana atrás, com suspeita de problema sério no fígado que o obrigou ao internamento durante uns dias.
Mandaram-no para casa para passar o fim-de-semana com os seus.
Quando nada o fazia prever, um homem pacato e de bom fundo desatou aos berros e à pancada em tudo o que encontrava pelo caminho. Em casa não conseguiram segurá-lo. Veio para a rua, desvairado. Nem os vizinhos, os bombeiros ou a polícia conseguiram controlar o homenzarrão até a pilha se acabar de repente e ele tombar inanimado no chão.
Hoje, Dia do Pai, a sua única filha participará no velório de um homem bom que dizem ter morrido com uma embolia pulmonar. Porque certezas ninguém as tem ainda.
24 de Abril sempre
Há 22 horas
4 comentários:
Este é daqueles textos que nem se tem forças para comentar...
Era um cliente meu, um homem de bem. E marido de alguém que tomou conta da minha flha ao longo de três anos de infantário.
Isto é injusto como o raio.
Que história complicada.
Mas real. O funeral do protagonista começa dentro de vinte a trinta minutos.
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