Era forte como um touro e respirava saúde. Tinha sensivelmente a minha idade, ainda mais robusto, e parecia encaminhado para uma velhice tranquila com a família - mulher e uma filha - de quem se mantinha muito próximo.
Sentiu-se mal e foi parar ao hospital há uma semana atrás, com suspeita de problema sério no fígado que o obrigou ao internamento durante uns dias.
Mandaram-no para casa para passar o fim-de-semana com os seus.
Quando nada o fazia prever, um homem pacato e de bom fundo desatou aos berros e à pancada em tudo o que encontrava pelo caminho. Em casa não conseguiram segurá-lo. Veio para a rua, desvairado. Nem os vizinhos, os bombeiros ou a polícia conseguiram controlar o homenzarrão até a pilha se acabar de repente e ele tombar inanimado no chão.
Hoje, Dia do Pai, a sua única filha participará no velório de um homem bom que dizem ter morrido com uma embolia pulmonar. Porque certezas ninguém as tem ainda.
Só verdades
Há 5 horas
4 comentários:
Este é daqueles textos que nem se tem forças para comentar...
Era um cliente meu, um homem de bem. E marido de alguém que tomou conta da minha flha ao longo de três anos de infantário.
Isto é injusto como o raio.
Que história complicada.
Mas real. O funeral do protagonista começa dentro de vinte a trinta minutos.
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