Não falam, cospem palavras como se participassem num concurso de lançamento do caroço de cereja. Palavras sonantes que pretendem distantes no alcance como na motivação. Parole, nada mais.
Não falam, emitem sons. Ideias organizadas sob um padrão de (in)verdades automatizadas que (só por acaso) se expelem por um orifício diferente do utilizado para outras conversas de merda.
Não falam, escutam-se. Fechados em si próprios numa lógica circular, palavras que permitem desviar para canto a bola que nunca querem do seu lado, cobardes, hipocrisia entre dentes que se evade do chiqueiro quando os lábios se abrem de par em par apenas para soltarem a verborreia.
Não falam, defecam resíduos de sentimentos postiços que resultam da difícil digestão de qualquer emoção que não entendem e por isso nem tentam assimilar. Tudo acaba por sair sem sequer entrar, por entre as carapaças que protegem as carcaças herméticas de onde mesmo às palavras só apetece fugir.
E eu aproveito-lhes a boleia e parto a seguir.