A mesma que ele espreitou por uma janela aberta por detrás da cortina...
11.8.09
AREJAR
Uma janela aberta por detrás da cortina diante da escrivaninha, empurrada pelo vento, um relógio que marca o tempo na parede que não pára de envelhecer, o tempo que até faz doer por passar tão depressa assim, o tapete já gasto pelos passos perdidos no espaço de tempo que levou a pensar, o habitante deste lugar imaginário, estar na hora de sair para a rua lá fora.
E encaixei-a aqui:
lost in translation
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5 comentários:
essa casa está a precisar de obras!
não faz mal, se calhar o gajo até é empreiteiro...
A fobia social é uma cena marada. E o que custa, ao fim de um ano, despir o pijama?
Depende um bocado de quem o despe, Cy. Eu dispo de borla...
:)
(deve custar imenso, eu sei)
Preambulo às instruções para dar corda ao relógio
Pensa nisto: quando te oferecem um relógio, oferecem-te um pequeno inferno florido, uma prisão de rosas, um calabouço de ar. Não te dão somente um relógio, muitos parabéns, que te dure muitos e bons, é uma óptima marca, suíço com não sei quantos rubis, não te oferecem somente esse pequeno pedreiro que prenderás ao pulso e passearás contigo. Oferecem-te – ignoram-no, é terrível ignorá-lo – um novo bocado frágil e precário de ti mesmo, algo que é teu mas não é o teu corpo com uma correia, como um bracito desesperado pendente do pulso. Oferecem-te a necessidade de lhe dar corda todos os dias, a obrigação de dar corda para que continue a ser um relógio; oferecem-te a obsessão de ver as horas certas nas montras das joalharias, o sinal horário na radio, o serviço telefónico. Oferecem-te o medo de o perder, de seres roubado, de que caia para o chão e se parta. Oferecem-te uma marca, a convicção de que é uma marca superior ás outras, oferecem-te a tentação de comparares o teu com os outros relógios. Não te oferecem um relógio, és tu o oferecido, a ti oferecem para o nascimento do relógio...
Autor: Júlio Cortázar in "Histórias de Cronópios e de Famas")
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