Depois de um ano a contemplar o oceano a partir da ilha deserta onde encontrara a salvação, o náufrago tivera tempo para pensar a sua condição.
Desaparecido do mundo, dado como morto, assim o julgava, sentia que no fundo de nada adiantava preocupar-se em demasia com a situação.
Habituara-se à solidão, ao sossego, e há muito desistira de tentar sinalizar a sua presença para que o levassem de novo para a vida que conhecera e não sabia agora se pretendia recuperar.
Esperava afinal que o acaso lhe enviasse um sinal e logo veria o que lhe daria para fazer.
E nesse dia acabaria por acontecer. Viu o fumo e o contorno de uma embarcação no horizonte e acelerou-lhe o coração na expectativa, seria a hipótese de ouro para uma tentativa de ser finalmente encontrado, de ser resgatado daquele desterro a que uma tempestade mais forte o condenara.
O primeiro impulso foi o de reunir lenha e folhas de palmeira para atear uma fogueira.
Porém, depois de medir bem o que estava em causa, optaria por utilizar tudo aquilo para camuflar todos os traços da sua presença e depois cavou um buraco para se esconder.