Vieram de noite os justiceiros que libertaram os segredos prisioneiros e o alarme soou nas consciências de quem os queria silenciados, factos mais convenientes quando sonegados da verdade como alguém não a queira enfrentar.
Soltaram os cães de madrugada para os procurar, foragidos, ao longe ouviam-se os latidos que transmitiam a raiva incutida pelos donos que cumulavam esse estatuto com o de guardas-prisionais dos alegados vilões como os queriam definidos enquanto andassem à solta e pudessem contagiar alguém com o conhecimento inato que qualquer segredo implica depois de libertado, um saber que se mantinha amordaçado pelo perigo que podia constituir para o seu juiz e carcereiro, o segredo prisioneiro da sua condição de refém à mercê de quem o queria enterrado mesmo sendo difícil matar algo de tão sagrado, em confidência, que parece até poder ressuscitar.
O alarme na consciência a soar, estridente, e o carcereiro imprudente numa aflição, embrenhado na perseguição dos fugitivos antes que lograssem encontrar um santuário onde pudessem gritar esse impulso primário que os libertaria porque na realidade os exibiria como uma verdade oculta, inocente condenada à bruta à prisão numa mente de máxima segurança supostamente para sua protecção.
O ganido distante de um cão imaginário tombado aos pés de um segredo presidiário acabado de revelar, golpe de misericórdia na derradeira possibilidade de ocultação da verdade que conseguira por fim escapar, denunciava a traição como a entendia o falso agente de uma autoridade relativa que mantinha a verdade cativa por uma questão de interesse pessoal.
Prisioneiro de uma contradição porque definitivamente amarrado a uma sensação amarga de vitória, ainda que temporária, do bem sobre o mal.
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