Amarrotou com as mãos a folha de papel onde recolhera o pretexto para se imolar aos poucos como fazem os loucos quando desatinam.
Gemeu sentado o seu pesadelo acordado, a carta enviada pelo patrão que tomara a difícil decisão de libertar os tripulantes do seu barco a afundar, uma carta registada que comunicava a derradeira martelada, despedimento, na sua parca esperança de dar a volta à situação.
Pesou-lhe a solidão nesse momento de desespero e o pensamento demasiado sincero encurralou-o diante dos leões que só rugiam ameaças e pressões.
Foi então que lhe deu a vontade de fugir, quis ter asas que acabaram por surgir por milagre da sua mente alucinada.
E de repente a janela escancarada do seu quinto andar convidou-o sorridente a aprender a voar.
6 comentários:
Ter a ilusão de estar a decidir a vida de outrem, poderia ser tentador, mas é devastador…
…Pronto! Acabou-se…
Jamais seremos simplesmente as etiquetas que nos põem…
Amanhã… amanhã será diferente, ainda que tenhamos duvidas…
A braços, Mário Rodrigues
A dúvida é tão impulsionadora do conhecimento como a ambição é o verdadeiro motor por detrás de todas as realizações humanas.
E a vida são dois dias.
...e o espaço de manobra é curto...
...a lâmina tende a cair...
levava pára-quedas, presumo!
Claro! Sabes que eu adoro estórias com um final feliz...
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