Fazem-me confusão as pessoas despeitadas, ressabiadas, cujo carácter se revela (por exemplo) no desplante com que censuram quem fala mal dos outros pelas costas sem, no entanto, abdicarem da falta de escrúpulos com que são capazes de trair um pressuposto de confiança ao caluniarem ou desvendarem segredos de uma relação terminada.
São pessoas que gostam de alardear uma atitude desempoeirada, muito arrojada, enquanto nos bastidores das suas almas pequenas destilam o fel para cima da imagem de quem tiver o azar de se cruzar com tal caminho. São pessoas desleais, incapazes de perdoar a rejeição que não conseguem entender do alto do pedestal em que se colocam por auto-nomeação. São pessoas perigosas, instáveis, capazes de todo o tipo de traição. Pessoas a evitar.
Tenho a sorte de conseguir topar-lhes as manhas, de saber aguardar o momento da revelação das suas faces reais por detrás das armadilhas virtuais que representam. Besuntadas de verniz, essas pessoas tão senhoras do seu nariz espalham-se ao comprido no momento em que se acreditam preteridas, deixadas de lado por quem lhes adivinha ou descobre o teor mal intencionado da sua aproximação. E depois ele estala, abre fissuras como acontece na fachada de um edifício mal construído quando o tempo lhe desmascara os erros de construção.
São gente a evitar, gente que acaba por pagar o preço das suas leviandades no afastamento inevitável de quem se deixa arrastar inconsciente da ameaça que no futuro se poderão constituir.
São gente que devemos deixar cair antes que corramos o risco de lhes permitir saberem demais.