25.2.09

MORRER POR AMOR

Eram um casal discreto que morava no mesmo piso do meu prédio, nas casa dos cinquenta e poucos anos de idade. Apenas os encontrava de vez em quando no patamar, transportando a filha cuja paralisia cerebral justificou a construção de uma rampa no acesso ao edifício (decidida por unanimidade numa assembleia de condóminos que até prima pela falta de consenso) e à qual se  dedicavam ambos com um zelo e um carinho que se notava à vista desarmada.
Foram os três passar o Carnaval à terra.

A história foi-me contada por outra vizinha, pelo que a tomarei por verídica.
Ele terá tido um ataque cardíaco ou similar e tombou desamparado no chão. Ela, desesperada com o que estava a acontecer ao seu companheiro, afligiu-se demais e tombou a seguir.
Morreram os dois, com um intervalo de minutos.

E eu nem sei o que pensar acerca desta história cujos protagonistas ainda nem há 15 dias pude ver numa entrevista televisiva e na semana passada encontrei na porta de saída do edifício, educados e simpáticos como sempre.

Mas acho que prefiro lembrá-los como o meu título sugere.

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